Saiba quais são os principais cuidados para evitar a Gripe
Vírus da gripe H3N2, que causou surto nos EUA, está no Brasil; Saiba o que fazer; Campanha nacional de vacinação contra gripe começou no dia 16 de abril
Publicado em 18/04/2018 09:32 - Atualizado em 18/04/2018 10:58
Influenza
Este ano, até o dia sete de abril, o Brasil contabilizou 286 casos de influenza, comumente conhecida como gripe. Desse total, 117 casos e 16 óbitos foram provocados pelo vírus H1N1, responsável pela pandemia de 2009. Já o H3N2, menos conhecido, registrou, até o momento, 71 casos e 12 mortes no país. Há poucos meses, uma mutação desse mesmo vírus provocou a morte de centenas de pessoas no Hemisfério Norte, sobretudo nos Estados Unidos.
Em entrevista à Agência de Notícias Brasil, do Governo Federal, o infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, explicou que a principal característica do vírus influenza é sua capacidade de sofrer pequenas mutações e causar epidemias que atingem entre 10% e 15% da população mundial todos os anos. Para o especialista, entretanto, não há motivo para pânico.
Às vésperas do início da temporada de inverno no Brasil, ele alertou para a importância da vacinação, sobretudo para os que integram os chamados grupos de risco. "As pessoas devem procurar a vacina e se proteger antes da entrada da estação do vírus", explicou.
O Ministério da Saúde informou que a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe começou na segunda quinzena deste mês. Idosos com mais de 60 anos, crianças de seis meses a menores de cinco anos, gestantes, puérperas (mulheres com até 45 dias pós-parto), trabalhadores da área de saúde, professores, detentos, profissionais do sistema prisional e indígenas compõem o público-alvo.
Em Belo Horizonte
Começou na segunda-feira, 16 de abril, o cadastramento de pessoas acamadas e residentes em casas de repouso para a vacinação contra o vírus Influenza em Belo Horizonte. As inscrições terminam em 12 de maio. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, a imunização contra a gripe em casa é exclusiva para o público-alvo da campanha que não tem condições de ir ao centro de saúde porque estão impossibilitadas de se locomover.
O cadastramento pode ser feito pelo site da prefeitura (www.pbh.gov.br), link Acesso Rápido/cadastro de acamados, pelo telefone (31) 3277-7722 ou diretamente no centro de saúde de referência do paciente.
A campanha de vacinação contra Influenza será realizada entre 23 de abril e 1º de junho em Belo Horizonte, disponível nos centros de saúde. Para receber a vacina, é necessário apresentar o cartão de vacinação e documento de identidade. Este ano, conforme a PBH, a população da capital a ser vacinada é de 810.416 pessoas e a meta é atingir 90% de cobertura vacinal.
O público-alvo da campanha, definido pelo Ministério da Saúde, é a população acima de 60 anos, crianças de seis meses a quatro anos de idade, gestantes, puérperas (que deram à luz há pouco tempo), trabalhadores da saúde, professores, portadores de doenças crônicas, adolescentes e jovens em medida socioeducativa de 12 a 21 anos, população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional e indígenas.
Confira os principais aspectos sobre a doença
Como funcionam as vacinas contra a influenza usadas no Brasil?
As vacinas influenza disponíveis no Brasil são todas inativadas (feitas com vírus morto), portanto, sem a capacidade de causar doenças. Até 2014, estavam disponíveis no país apenas as vacinas trivalentes, contendo uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B (linhagem Yamagata ou Victoria). As novas vacinas quadrivalentes, licenciadas desde 2015, contemplam, além dessas três, uma segunda cepa B, contendo em sua composição, as duas linhagens de Influenza B: Victoria e Yamagata. Em 2018, as vacinas trivalente e quadrivalente terão uma nova cepa A/H3N2 (Singapore), que substituirá a cepa A/H3N2 (Hong Kong) presente no ano anterior.
Qual vacina será utilizada na campanha deste ano feita pelo Ministério da Saúde?
Em 2018, a vacina utilizada na Campanha de Vacinação contra a Gripe do Ministério da Saúde será a trivalente, contendo uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B linhagem Victoria.
Este ano, teremos então vacinas tri e quadrivalentes disponíveis no país?
Sim, por alguns anos, deveremos conviver com as duas vacinas. Como ocorreu no passado em que, de acordo com a epidemiologia, vacinas monovalentes foram substituídas por bivalentes que, por sua vez, foram substituídas por trivalentes. A tendência para os próximos anos é a produção apenas de vacinas quadrivalentes.
As vacinas influenza podem ser utilizadas na gestação?
Sim, gestantes constituem grupo prioritário para a vacinação, pelo maior risco de desenvolverem complicações e pela transferência de anticorpos ao bebê, protegendo contra a doença nos primeiros meses de vida.
Pacientes alérgicos ao ovo de galinha podem receber a vacina?
Sim, esses pacientes podem receber a vacina influenza. Alergias a ovo, mesmo graves como a anafilaxia, não são mais contraindicação nem precaução.
Quais as reações adversas esperadas após a aplicação da vacina?
Os eventos adversos mais frequentes ocorrem no local da aplicação: dor, vermelhidão e endurecimento em 15% a 20% dos vacinados. Essas reações costumam ser leves e desaparecem em até 48 horas. Manifestações sistêmicas são mais raras, benignas e breves. Febre, mal-estar e dor muscular acometem 1% a 2% dos vacinados de 6 a 12 horas após a vacinação e persistem por um a dois dias, sendo mais comuns na primeira vez em que tomam a vacina.
Reações anafiláticas são extremamente raras. Em caso de sintomas não esperados (febre muito alta, reação exagerada, irritabilidade extrema, sinais de dor abdominal, recusa alimentar e sangue nas fezes, entre outros), é recomendado procurar imediatamente o médico ou serviço de emergência para atendimento e para que sejam descartadas outras causas.
Crianças que receberam duas doses da vacina em anos anteriores deverão receber duas doses da quadrivalente este ano?
Não é necessário. A regra geral, tanto para as vacinas quadrivalentes quanto para as trivalentes, é que crianças que receberam duas doses na primeira vacinação recebam, nos anos seguintes, somente uma dose.
As vacinas influenza podem ser aplicadas simultaneamente com outras vacinas?
As vacinas trivalente e quadrivalente contra a influenza podem ser aplicadas simultaneamente com as demais vacinas do calendário da criança, do adolescente, do adulto ou do idoso.
Pessoas imunodeprimidas podem tomar as vacinas contra influenza?
Tratam-se de vacinas inativadas, portanto, sem restrições de uso em populações imunocomprometidas, que têm indicação de vacinação especialmente reforçada.
A entidade tem alguma recomendação com relação às vacinas?
A Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda o uso preferencial, sempre que disponível, da vacina quadrivalente, pelo seu maior espectro de proteção. Porém, a entidade reforça que, na indisponibilidade do produto, a vacina trivalente deve ser utilizada de maneira rotineira, especialmente em grupos de maior risco para o desenvolvimento de formas graves da doença.
Quais vírus do tipo influenza circulam no país neste momento?
Existem dois grandes tipos de vírus influenza que acometem humanos: A e B que, por sua vez, possuem diversos subtipos. Eles sofrem pequenas variações todos os anos e é essa capacidade de fazer mutações leves que os faz chegar, no ano seguinte, causando uma epidemia, como se a população não reconhecesse aquilo como uma doença que já teve e acabe adoecendo novamente.
O Brasil é um país continental e, por essa razão, temos variações em relação aos subtipos de influenza que circulam neste momento. Goiânia, por exemplo, abriu a temporada com predomínio de circulação de H1N1. Já em São Paulo, temos casos confirmados e, inclusive, óbitos relacionados ao H3N2. Há, portanto, dentro de um país tão grande quanto o nosso, variações de regiões onde a epidemia anual pode se dar com mais intensidade por um tipo de vírus ou por outro.
A exemplo do Hemisfério Norte, teremos, no Brasil, uma situação fora do comum?
A cada ano, a gente experimenta estações de vírus influenza por vezes mais graves, por vezes mais simples. Este ano, ainda estamos começando nossa temporada. Ainda há poucos casos para se chegar à conclusão de que será uma temporada de predomínio de uma ou de outra variante e com que gravidade.
No Hemisfério Norte, o que circulou na última temporada foi um H3N2 que tinha sofrido uma mutação maior em relação à circulação de anos anteriores e foi, talvez, desde a pandemia de 2009, a pior temporada de influenza que o hemisfério e, especialmente, os Estados Unidos vivenciaram. O que não quer dizer que isso vai se dar também aqui na América Latina. As temporadas dependem muito da migração do vírus, das condições climáticas. Só o acompanhamento da evolução desses casos nos permitirá dizer se essa será uma temporada de predomínio de circulação de H1N1 ou de H3N2.
(Fonte: Agência Brasil e PBH)
por Ascom MGS